Claudio....Santos escreveu:Poi sé rapaz vamos sertir falta das nossa tvs de tubo futuramente,hehe....
Por conta da rápida evolução dos produtos, consumidores preferem adquirir novos bens a consertar os antigos
A rápida inovação da tecnologia, somada às facilidades que o mercado oferece na hora da compra estão entre os principais fatores que contribuem para que consumidores optem por adquirir produtos novos, ao invés consertar os antigos. Essa explosão no consumo em que vive o mercado brasileiro, especialmente pela busca de televisores com tela de LCD, computadores compactos e celulares com múltiplas funções, tem gerado prejuízo aos consumidores e grandes danos ao meio ambiente, devido ao lixo eletrônico gerado em decorrência da rapidez com que os equipamentos tornam-se obsoletos.
Clemente Marques, dono de uma oficina de reparos de aparelhos eletroeletrônicos, no bairro Serrinha, conhece bem o problema. A quantidade de aparelhos abandonados ao longo de oito anos por seus clientes é tão grande, que a sua antiga garagem teve de se transformar em um depósito. Ele conta que modelos mais modernos, como impressoras multifuncionais e TVs de plasma e LCD, já começam a aparecer na oficina.
O grande problema é que a maioria dos aparelhos não tem conserto, pois algumas peças para reposição já não são encontradas no mercado. E as que são têm um custo muito alto, o que, quase sempre, leva o cliente a desistir do reparo. As telas de TV LCD e plasma e os retroprojetores estão entre os mais caros, com conserto variando de R$ 800 a R$ 1.000, conforme informou Clemente Marques.
Modernização
"Hoje, independente da marca, as empresas não estão mais preocupadas em utilizar peças com grande durabilidade. A gente percebe que elas só funcionam enquanto dura a garantia", relata o técnico. Clemente acredita que as facilidades de crédito e o lançamento de novas tecnologias forçam o consumidor a querer um aparelho mais moderna. "A tendência é que as pessoas queiram acompanhar a tecnologia", avalia.
Nas lojas Ibyte, a venda de televisores LED e LCD aumentaram 40% nos últimos seis meses, conforme os responsáveis pela rede. O analista de importação e gestor da indústria, George Magalhães, acredita que esse crescimento se deve a uma melhor distribuição de renda da população e ao custo dos aparelhos, que segundo ele, têm diminuído. "O acesso a tecnologia melhorou bastante. Hoje, você tem condições de comprar um notebook, que, há alguns anos, era muito caro", exemplificou.
O analista diz que, como a tecnologia é muito dinâmica, os produtos vão ficando sem reposição de peças, e, por isso, mais caros. Portanto, acaba saindo mais barato adquirir um novo. Ele acrescenta que a TV digital também está bem mais acessível. "Além da qualidade da imagem, ainda tem a questão da interatividade, que vai ser outra novidade", ressalta.
Futuro
George Magalhães adianta que, logo em breve, vai estourar no comércio brasileiro a tecnologia 4D. "Nela, a cadeira se mexe, a pessoa sente o vento no rosto. É o futuro da TV", prevê o analista. Ele defende que as pessoas estão trocando de aparelhos mais rápido, não porque estão mais consumistas, mas para acompanhar a tecnologia.
Reflexos desse rápido descarte são os altos números de reclamações em órgãos de defesa do consumidor. No Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon), as reclamações de defeitos em aparelhos celulares, DVDs e televisores, ocupam o segundo lugar, representando 26% do total. Eles só perdem para bancos, financeiras e operadoras de cartões de crédito.
O secretário executivo do Procon Estadual, João Gualberto Feitosa Soares, alerta que o principal problema é que o consumidor se deixa levar pela propaganda e acaba levando um produto sem qualidade. E após detectado o problema, geralmente o fabricante demora a apresentar uma solução. De acordo com o artigo 18, do Código de Defesa do Consumidor, o problema deve ser resolvido em, no máximo, 30 dias; quando não, o consumidor pode exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie, pedir a restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional, no caso de um defeito que não impeça a função plena do aparelho.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Inovação nem sempre quer dizer novidade
Anaxágoras Maia Girão
Professor do IFCE
O que temos hoje é uma falsa sensação de aumento da inovação tecnológica, causada pela chuva de produtos que nos são apresentados. As pessoas confundem inovação tecnológica com novidade.
Para ser inovação, é preciso que haja uma abordagem nova na solução de um problema, o que não significa necessariamente um produto novo. Muitas das grandes inovações surgem a partir da junção de tecnologias já existentes, porém sob uma nova perspectiva.
Se queremos novidades tecnológicas, temos que voltar o nosso olhar para áreas como a Medicina, Biologia, Aeronáutica, Agricultura. São áreas praticamente obrigadas a isso. Seja porque a operadora oferece o novo modelo quase de graça, visando a mensalidade, seja pela enxurrada de propagandas que recebemos diariamente, ou simplesmente por questão de status, para poder dizer ao mundo: "Eu tenho um iPhone".
Na realidade, a questão é puramente econômica, pois alguém tem que sustentar essa gigantesca economia que é a indústria eletrônica.